A última dança

Era uma sexta-feira. Andávamos a caminho do centro, levemente alterados e maravilhados com a capital do país. Estava um clima agradável e cantávamos em direção à uma noite que mudaria minha vida. Minha vida que andava ora sem graça, ora vazia, aos poucos preenchidas por fantasias, nostalgias, boemias. A luz do luar nos enaltecia naquele momento. Em meio aos carros com risos causados pelo teor etílico caminhávamos contemplando a sensibilidade e a poesia que as luzes da cidade, os prédios e os cartões postais transmitiam naquele instante de profundo êxtase existencial. Tudo estava ali. Mas, ainda faltava algo. Continue reading →

O menino do centro

spUma quarta-feira qualquer numa padaria no centro de São Paulo.

– Ô tio, tem um trocado pra me arrumá?

Com a cabeça tomada pelo stress cotidiano, pensa em passar reto, mas olha de rabo de olho e diz:

– Trocado eu não tenho, mas posso te pagar um lanche. Quer?

– Quero um salgadinho, tio.

Observando o menino devorar o conteúdo venenoso dentro do pacote, com embalagem de cores vibrantes bem famoso entre as crianças, percebeu que aquela fome não era somente a que vinha do estômago. Era a fome que vinha também do coração sedento por atenção. Continue reading →